Política com Magneto em X-Men #4

Aprender política com Magneto é o sonho de alguns, e Jonathan Hickman mostra como é esse sonho.

Costumava ter um amigo (?) que sempre se referenciava a Magneto e seu ponto de vista. Acredito que aprender política com Magneto é algo que nunca se esperava até ler X-Men #4 escrito, obviamente, por Jonathan Hickman que adora um barulho. E sim, até o Brasil entrou sentou na mesa – literalmente.

Que estou animado com Dinastia X (ou House of X e Powers of X) nem preciso falar. O argumento de Jonathan Hickman não é nada menos do que surpreendente e realmente mudou todo o universo mutante em poucos meses.

Quer saber mais sobre a saga? Aqui no BLOG FAROFEIROS destrinchamos alguns dos aspectos mais importantes da nova fase dos X-Men. E, obviamente, está cheio de spoilers até o talo.

… assim como o texto abaixo, mais precisamente falando de X-Men #4 lançado dia 01 de Janeiro de 2020 nos EUA.

O mundo não é mais o mesmo, tanto nos quadrinhos como ao nosso redor. Vozes políticas das mais absurdas brotam dos becos mais grotescos da internet. Ver e aprender política com Magneto em X-Men #4 me surpreendeu. Primeiro por dar um tapa na cara de gente liberal e conservadora, segundo pela lucidez que sai da boca de um personagem como Magneto.

Não, Erick Lensherr continua o mesmo, mas como todos os mutantes de Krakoa, ele aprendeu a lutar a guerra com (ou contra?) os humanos usando as mesmas armas: o lucro.

Em mais uma amostra que os quadrinhos podem ser relevantes o autor coloca uma comitiva mutante, de representantes de Krakoa, no Fórum Econômico Mundial. A comitiva é formada por Professor X, Magneto e Apocalipse e segurada por Ciclope e Gorgon.

Do lado humano a comitiva não deixa de ser interessante. Além de representante de Wakanda e embaixadores dos EUA e da China estão presentes diversos empresários de vários países. Mas o surpreendente é que o Brasil tem um acadêmico representante presente que, ao meu ver, reflete muito do governo brasileiro atual.

O Brasil já havia protagonizado um momento “interessante” em Marauders #4. Naquela história posso dizer que um milico brasileiro ficou chocado ao encontrar Tempestade.

Além do fato de terem colocado Apocalipse em um terno e Gorgon ter esquartejado uma equipe de assalto pronto para atacar a reunião é tudo política. E de boa qualidade, apesar de ficcional.

Mas agora é hora de finalmente comentar e aprender política com Magneto.

Os mutantes são colocados contra a parede para falar quais são suas reais intenções com as drogas exclusivas de Krakoa e seus aliados: Droga L que aumenta a longevidade dos humanos em cinco anos. Droga I um antibiótico adaptativo e universal e a Droga M que cura doenças mentais.

Os efeitos da simples existência de Krakoa no mundo é uma preocupação para os humanos, a colocação de Magneto é clara e direta. Não há subterfúgios na estratégia mutante e a adaptação à situação é o que lhes força a situação.

O representante de Wakanda diz que eles não deveriam ficar surpresos. Afinal uma nação age no melhor dos seus interesses, e seria desonesto fingir que todos os países não agem da mesma forma.

A maneira como as drogas são distribuídas também é questionado. Mas se os mutantes tivessem escolhido a maneira mais lucrativa possível de distribuir essas drogas, isso seria reflexo apenas de uma lição que a cultura humana os ensinou.

Magneto cita Aldous Huxley em A Ilha inclusive. “Armamentos, dívida universal e obsolescência planejada – esses são os três pilares da prosperidade ocidental.” Mas claro que o “representante” brasileiro tinha que abrir a boca.

O tal acadêmico se surpreende por Erick sustentar um argumento citando um autor humano.

Erick aponta que ainda não há autores mutantes, mas haverá. Ao ponto que se vive em momento os humanos estão ensinando institucionalmente crianças a reescrever ou desaprender história.

Humanos através da guerra – ou da pura ignorância – tendem a destruírem a si mesmos a cada cem anos. Com isso é levantada a questão, afinal, sempre há guerra quando há X-Men. Mas, afinal, estamos aprendendo política com Magneto.

Erick é enfático, não haverá guerra. Ele mostra que o mundo mudou e que aprendeu com os humanos inclusive. Em outros tempos ele iria até os países inimigos e colocariam suas armas de guerra contra eles mesmos. É isto que o mestre do magnetismo faria, aliás, fez diversas vezes… Mas como um bom fã de X-Men deve saber, nunca deu certo.

Os mutantes aprenderam a lição. Os humanos mostraram para eles o caminho das armas silenciosas das finanças e da influencia. Sobrecarregar pessoas com dívidas, fazê-las pagar pela saúde. Fazê-las pagar por educação e por um lugar para viver.

Com isso os humanos os possuem, os controlam. E agora, os mutantes farão o mesmo, mas melhor.

Com as drogas eles pegarão o dinheiro, quantias ultrajantes de dinheiro, e irão investir (ou empreender risos). A ideia é comprar bancos, escolas e a mídia além de, obviamente, os políticos. E quando tiverem comprado tudo irão comprar os humanos, pois tudo tem um preço e os mutantes de Krakoa estarão felizes em pagar o preço.

E com toda essa influencia em mãos eles farão com que o tipo de pessoa errada (e você sabe quem) não terão mais poder econômico. Não lhe será permitido entrar em suas instituições para proliferar suas perigosas e retrógradas ideias.

Isso amiguinhos é ler gibi aprendendo política com o Magneto. Surpreendente? Sim, mas mais pela eloquência do que pelas palavras em si. Não há novidade nenhuma para mim em suas palavras, mas Magneto nessa postura é mais do que um fã poderia querer.

O aviso está dado, os mutantes não estão brincando e qualquer ação terá uma reação.

É bom estar do lado inteligente da equação. Se você não entendeu o que quero dizer sugiro ver o vídeo de minha professora favorita, a Rita Von Hunty. O vídeo abaixo é fundamental para entender a “tática” mutante contra os humanos. Além disso mostra também como o capitalismo está destruindo a nós mesmos.

Um personagem de ficção, um conhecido vilão, com mais eloquência do que muitos governantes do mundo real. Incrível não acha? Acho que está na hora do mundo ler mais quadrinhos… Tem mais figuras.