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O filme do Super Mario

O filme do Super Mario não foi feito para mim, ou para você.

Desde o anuncio do elenco do filme do Super Mario nos EUA torci o nariz. Para minha alegria a dublagem brasileira, premiadíssima, começou a mostrar para o que veio logo nos trailers. Fiquei bem contente quanto a isso, mas não mudou um fato que muito nerdola ainda não entendeu: o filme não foi feito para mim e provavelmente não foi feito para você também.

Quando você fala de produtos e marcas há sempre um fator crucial em uma análise séria: definição de público. É um produto para adolescentes? É um produto para quem gosta de levar sustos? Perguntas bobas que precisam ser respondidas para não ver uma ação publicitária equivocada demais.

Meu primeiro contato com Super Mario foi no Atari, o encanador que ficava fugindo dos barris de Donkey Kong. Mas nunca fui muito bom nele. Já no Super Mario era diferente, meus amigos e eu corríamos por cima do cenário para chegar à Warp Zone e seguir para mundos à frente. Nunca gostei muito de Super Mario 2, mas acompanhava meu irmão jogando. Super Mario 3 fez minha cabeça explodir e me lembro que, com quase 10 anos, queria organizar um corujão para terminar a bagaça.

Um era sem save game acabou com Super Mario World no Super Nintendo. Aí surgiu Mario Kart e a franquia de aventuras do personagem só aumentou. A década de 90 ainda trouxe Super Mario 64, um Mario Kart em 3D… Sem esquecer de Yohi’s Story.

Tudo isso se passou durante minha pré-adolescência até me tornar um adulto, mas nada mudou, ainda sou muito fã de Super Mario. Minha filha, mesmo antes de jogar os jogos, também já é fã do carismático encanador italiano.

Já passei dos 40 faz uns anos… E é preciso aceitar que por mais que goste e até jogue os games de Super Mario, eles não são feitos para mim. São feitos para crianças como a minha filha e aquele garoto que entrou em um campeonato de games para ver quem conseguia mais moedas em 1 minuto de jogo na loja Arapuã. Ah, perdi pois não sabia jogar no controle do Top Game.

E o nerdola não entende isso. O nerdola acha que tudo é lacre, que tudo tem que ser feito para ele. É a tal síndrome que pede que o mundo gire em torno do seu umbigo o tempo todo. Super Mario não é o mesmo, seu público também não, e é com isto em mente que você precisa assistir o filme.

Se você entender isso poderá ser uma experiência agradável até. O filme em si não é ruim, o problema é nossa memória afetiva que espera sempre mais de um encanador que se fantasia de gatinho e come cogumelos. Mas, novamente, o filme do Super Mario não foi feito para você ou para mim.

Existem referências, referências para todos os lados, easter eggs que só com o lançamento fora dos cinemas que vamos conseguir detalhar. Isso é um prato perfeito e suculento para quem já viu de tudo nos jogos do Mario e seu irmão, o Mario Verde. E, para nós, isso tem que ser o suficiente.

O filme não vai te emocionar por sua história cativante. O filme em si é excessivamente genérico e raso, falta coração. O que pode te emocionar é ver a animação das crianças do ambiente para algo que emocionaria você anos atrás.

Por mais que o filme não seja o que esperava, por mais que a Nintendo não mereça mais dinheiro, o filme do Super Mario é algo que eu e você vamos assistir por pura e simples nostalgia. E só isso.

Espero que o próximo seja mais divertido e que a representatividade, ausente neste filme, seja corrigida. Mas veja pelo lado bom, pelo menos não precisamos ouvir a dublagem do Cris Pratt.

Por Rodrigo Castro

Debochado e inconveniente. Escritor, roteirista e designer de brincadeirinha.

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