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Migração dos brasileiros da Twitch

Ficou sabendo da migração dos brasileiros da Twitch para o YouTube?

Provavelmente se você acompanha lives de games já percebeu que canais nacionais largaram um pouco a mão da rede de Jeff Bezzos. A migração de brasileiros da Twitch para o YouTube ocorre em um momento que a rede deixa clara que não se importa com o público ou com os streamers nacionais. Obviamente não estão inclusos nessa conta Alanzoka, Cellbit ou Alanzoka.

Em Fevereiro de 2024 o CEO da Twitch, Dan Clancy, deu uma entrevista catastrófica para streamer brasileiros a fim de esclarecer o novo modelo de pagamento de assinatura Prime (atrelado ao Amazon Prime) afirmando que “o Prime não faz a Twitch crescer”. O serviço Amazon Prime dá acesso à Prime Video, frete grátis em algumas compras Amazon e vantagens na Twitch como games, loot e uma assinatura “grátis” para um canal de sua escolha na plataforma.

No Brasil o Prime passou (em 2024) de R$ 14,90 para R$ 19,90, mas isso não trará vantagens para os criadores, principalmente os da Twitch. É importante lembrar que o movimento Apagão da Twitch fez barulho, mas não surtiu efeito algum.

Migração dos brasileiros da Twitch para o YouTube - BLOG FAROFEIROS

Sem mencionar que grandes demissões já ocorreram, em 2023 foram 400 funcionários demitidos, em 2024 já foram demitidas 500 pessoas, totalizando cerca de 35% da força de trabalho da empresa, e é provável que este número aumente em breve. A desculpa da empresa – que vale US$ 20 bilhões – para a demissão em massa foi que “não estamos lucrando”, sendo que a Amazon lucrou US$ 30,4 bilhões em 2023 e coloca Jeff Bezzos, dono da Amazon e da Twitch, como a terceira pessoa mais rica do mundo, acredito que falar de prejuízo para um bilionário não faz muito sentido – independente de qualquer coisa ele continua um bilionário enquanto quase mil pessoas perderam seus empregos.

Nenhuma delas era bilionária.

Desde que a mudança foi anunciada até fazer a inscrição ficou “diferente”, a plataforma parece querer complicar o acesso à tal vantagem, desmotivando assinantes e desmonetizando criadores… E olha que as propagandas lá são assustadoras e desmotivadoras. Uma das reclamações dos streamer foi a taxa de 30% do valor de imposto brasileiro. Me causa estranheza o jovem bem-informado (irônia) atacar tal resolução pois, afinal, é uma empresa norte-americana GANHANDO dinheiro no Brasil e repassando para outras pessoas. Não é só a Twitch que paga esse imposto querido streamer oprimido pelo governo “comunista”. Se é o contrário, uma empresa brasileira recebendo dinheiro dos EUA, também há impostos locais. O modelo de negócio deles tem que entender essa necessidade, ou então receber e remunerar diretamente aqui do Brasil, mas isso a empresa não quer.

Segundo o CEO o Prime chegou a substituir a inscrição direta pela Twitch, o “boom” de assinaturas que impulsionou criadores brasileiros não foi algo planejado ou esperado pela plataforma, por isso a necessidade dessa readequação dos valores. É importante avisar que a Amazon sempre divulgou e incentivou criadores à “venderem” as vantagens do Prime, inclusive o FAROFEIROS faz isso como tentativa de monetização. Para ele nós e seu criador de conteúdo favorito são como atores e músicos freelancer e que essa instabilidade é uma realidade que deve ser aceita.

Não surpreende que isso tudo tenha causado uma migração dos brasileiros da Twitch para outras plataformas, principalmente para o YouTube.

Particularmente sempre gostei muito da Twitch como plataforma, mas para um criador de conteúdo pequeno é praticamente impossível crescer ali. E agora, com o corte da receita diversos criadores de conteúdo grandes estão deixando a plataforma para se dedicar ao YouTube. Ian Neves, Luide, Jogabilidade, Nautilus Link, Marcellus Vinícius, Orochinho e Overloader deixaram a plataforma ou estão transmitindo no YouTube simultaneamente afim de atingir um público maior e ainda conseguir uma monetização razoável.

O criador de conteúdo brasileiro normalmente faz suas transmissões de seu próprio computador e, um computador robusto para sustentar os programas para a live, a conexão com upload suficiente, luzes, câmeras e até os games para agradar o público não param de subir. Tudo isso é caro e, para sobreviver em um mercado como este, é preciso sempre inovar ou – pelo menos – estar próximo do ápice da tecnologia para poder mostrar os maiores lançamentos de games… Ou comprar os direitos de transmissão na internet de jogos de futebol.

Fato é que ser um streamer não é barato, mas a empresa bilionária acha que paga demais você. Quem perde? Quem fica vendo diversos anúncios seguidos para poder se divertir ou se informar com seu streamer favorito. Como criador de conteúdo sofro para fazer as lives do Farofeiros Cast e do FAROFANDO devido limitações técnicas, mas pode chamar isso de falta de dinheiro para comprar uma máquina realmente potente.

Como espectador não uso mais a Twitch, vou lá apenas dar meu Prime para o canal que gosto e vou para o YouTube assistir a live em um ambiente muito melhor, estável, que funciona em qualquer dispositivo com propagandas – mas limitadas e com a possibilidade de se pular. Seu streamer favorito vai para o YouTube também, só resta saber quando.

Por Rodrigo Castro

Debochado e inconveniente. Escritor, roteirista e designer de brincadeirinha.

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