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A perigosa nostalgia de X-Men

Existe algo muito perigoso em torno de toda essa nostalgia de X-Men.

Vou te falar uma coisa, adoro os mutantes da Marvel Comics desde minha adolescência nos anos 90… Mas toda essa nostalgia de X-Men está me assustando, a impressão que tenho é que existe algo muito errado em toda sua publicidade que, obviamente, não é por acaso.

É óbvio que a nostalgia em si não é nociva, ela começa a se tornar algo tóxico quando a necessidade de ter algo nostálgico ultrapassa nossas possibilidades financeiras. Mas também é problemática quando o marmanjo de barba na cara vai chorar nas redes sociais por sua infância ter morrido por conta de representatividade em um gibi ou desenho animado.

Os dois primeiros episódios da animação X-Men’97 – a primeira produção mutante da Marvel Studios – não é boa, é excelente. Ou pelo menos foi algo surpreendente para mim que viu a Vampira jogando uma cabeça de Sentinela contra outro robô falando “de olho no lance”, ou que ficou surpreso com a sombra de Sinistro durante a abertura. Roberto da Costa no primeiro episódio só não foi melhor pois é comum anularem sua brasilidade, afinal ele é rico. Mas confesso que Magneto parafraseando Paulo Freire na ONU me pegou.

Mesmo assim é bom. Não dá para falar o contrário.

Nos quadrinhos o fim da Era de Krakoa irá reverberar por alguns meses nos EUA, mas já estou viúvo de gibi pois, para mim, é clara já a queda na qualidade de argumento e arte de todos os títulos com um X na capa. Daí, surge uma nova saga, literalmente, das cinzas. Enquanto vejo autores e artistas renomados (outros nem tanto) fico com medo da linha editorial retroceder tanto, promovendo o que alguns chamam de “back to basics”, ou “de volta ao básico”, mas que – na verdade – só tenta chamar a atenção para a propriedade intelectual sem dar a devida atenção à história… Mas que vende merchandising.

Na próxima “era” mutante Tom Brevoort chegou a comentar que, devido a mudança editorial, algumas coisas foram alteradas em questão de dias. É o caso de New X-Men segundo o Bleeding Cool, anunciado na SDCC 2023, foi alterado ou totalmente reformulado, o novo editor mutante não deu mais detalhes.

Os títulos confirmados até o momento são The Uncanny X-Men (com argumento de Gail Simone e arte de David Marquez), X-Men (com argumento de Jed MacKay e arte de Ryan Stegman) e Exceptional X-Men (com argumento de Eve L. Ewing e arte de Carmen Carnero). As equipes criativas são interessantes, mas confesso que pelas informações iniciais – que se resumem a uma imagem – não dá para especular muito.

Ainda segundo o Bleeding Cool a nova linha incluiria também Fênix (de novo), Tempestade, Wolverine, X-Factor, X-Force e NYX. A lista não é oficial e um dos boatos coloca Tempestade como candidata à senadora nos EUA e eu curti. Muito! Estou vendo as lágrimas do nerdola nos olhos já.

O design e a arte são no mínimo questionáveis, ainda mais se compararmos mesmo ao menor patamar de qualidade de qualquer um dos títulos da Era de Krakoa. Nem posso chamá-los de simples, pois são, na verdade, bem feios.

Jogaram a evolução mutante da Era de Krakoa no lixo para que algo novo surgisse… Algo que se parece com o passado, mas tem um X torto no peito para mostrar que é igual, mas diferente ao mesmo tempo. Os editoriais de quadrinhos dos EUA precisam aprender a deixar a história amadurecer, evoluir… Mas parece que é justamente esse o medo da Marvel Comics, a editora é contra a evolução de sua propriedade intelectual… Ainda mais agora com o relançamento de X-Men’97 e a possível estreia dos personagens nos cinemas.

A nostalgia de X-Men se torna perigoso pela história não avançar, não concluir, sempre com ciclos de nascimento e morte onde, no final, nada realmente importa a não ser os números das vendas. O público evoluí e envelhece, seria interessante ver que os mutantes também fizessem isso, nem se fosse apenas nos temas tratados.

Mas aguardemos, o novo começo dos X-Men nos quadrinhos está agendado para começar em Julho de 2024. Não vou comentar nada do Magneto na cadeira voadora hoje, talvez amanhã eu comente.

Por Rodrigo Castro

Debochado e inconveniente. Escritor, roteirista e designer de brincadeirinha.

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