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O tal jornalismo de entretenimento no Brasil

O jornalismo de entretenimento no Brasil tem jeito?

O jornalismo brasileiro tem diversos problemas fundamentais e é constantemente questionado mundialmente. Seja pela ética, seja pela veracidade dos fatos e até interesses obscuros. O jornalismo é uma arma que pode ser usada tanto para o bem como para o mal, no jornalismo de entretenimento essa regra é válida também.

Aqui é claro falarei sobre o universo do entretenimento e suas práticas. Mas antes de começar devo me prontificar a dizer que não nos consideramos jornalistas aqui. Ninguém aqui estudou para isso e nós falamos o que nos vem a cabeça mesmo.

Não temos uma técnica apurada, não estudamos anos e tão pouco somos mestres no que fazemos. Fazemos do jeito do Farofeiros, de fãs para fãs, dando a nossa opinião seja ela boa ou ruim. Não somos jornalistas, mas somos um veículo de imprensa.

Dito isto aviso ainda que usamos exemplos que vimos pela internet e alguns fatos que ocorreram conosco em nossa breve experiência de blogagem “profissional”

Falácias

Quero abordar este assunto pois as vezes aparece um comentarista de rede social profissional para tirar minha paciência. O Luiz Felipe Pozzebon deixou tal comentário em nossa postagem do Facebook.

O tal jornalismo de entretenimento no Brasil

As falácias que ele se referia, se é que foi um “indireta”, era referente ao artigo Vamos falar do salário da Mulher Maravilha. O caro leitor provavelmente não seu o texto, não clicou no link e não sabe do que está falando. No texto falo sobre a boataria em volta do salário de Gal Gadot no papel de Mulher Maravilha e desminto citando fontes os motivos da inverdade divulgada por diversos sites.

O correto nestes casos é mesmo divulgar a menor quantidade possível de boatos e quando fazê-los deixar claro do que se trata. Mas existe um problema: boatos geram cliques no site e interações em redes sociais. Boato dá lucro para os sites.

Click bait é uma técnica que move diversos tipos de mídia na internet, seja o título de uma postagem de um blog ou site, seja a imagem de capa de um vídeo no Youtube. Tudo pode ser exagerado para ganhar seu clique e sua visualização.

Facebook e Google ainda testam suas ferramentas para identificar falácias, mas elas simplesmente bloqueariam aquele tipo de artigo de sua linha do tempo e não do público geral. A melhor arma quanto ao click bait seria deixar de acessar o site que usa tal prática. Mas quem faz isso?

A origem da notícia

90% das notícias sobre cinema tem como origem o site da revista Variety e isto inclui grandes portais de entretenimento como Omelete e Jovem Nerd. No jornalismo de entretenimento é fácil encontrar diversos sites brasileiros a mesma notícia colocada da mesma forma e (as vezes) citando a mesma fonte.

Nenhum site brasileiro tem um fante exclusiva em Hollywood para dar algum furo de notícia como grandes sites americanos fazem. O problema não é ter um site como fonte, mas quando um site libera uma notícia bombástica outros milhões à reproduzem.

Isto é só um exemplo mas você já começa a entender como uma novidade se perde e em seu feed você vê umas cinquenta vezes o novo poster do filme do Homem Aranha.

Press releases são engraçados. Até poucos meses atrás mantínhamos uma sessão exclusiva com posts do que melhor dos enviavam. Já tivemos muito contato com a Nintendo, com a Blizzard e alguns desenvolvedores pequenos nacionais. 

As assessorias que batalham para conseguir um nome normalmente ignoram os veículos de comunicação depois que conseguem o que desejam. A Blizzard Brasil operou desta forma conosco, inclusive gerou uma estranha troca de emails que resultou que nunca mais fomos convidados para nada e nem seus releases recebemos mais. Acabou que decidimos excluir todo o conteúdo deste tipo para o nosso bem.

Produtoras de filmes ou editoras de quadrinhos pouco se importam em trabalhar com blogs e afins. O jornalismo de entretenimento é mal visto pelas empresas. Dependendo do seu tamanho você é ignorado ou então começa a receber releases da Câmara Brasil Alemanha, algo que não condiz com o publico deste blog.

Tivemos um caso com a Level Up! Games que foi engraçado. A assessoria conseguiu uma entrevista com Júlio Vieitez, responsável por Ragnarok Online na época, mas as respostas dele foram em sua essência INFORMAÇÃO CONFIDENCIAL. Na época conversei com um dos responsáveis pela assessoria que concordou comigo: se não quer dar informações por que tenta atrair a comunidade do jogo e incentivar entrevistas?

Pense em uma empresa grande que dá muitos presentes para Youtubers, essa empresa não está nem aí se você recebe a informação por outro canal que não seja o que eles estejam pagando.

O tal jornalismo de entretenimento no Brasil

Cópias e plágio

Talvez um dos maiores problemas da internet brasileira seja as cópias e plágios de textos de toda forma e modelo. Eu mesmo já fui contratado para redigir um manual e simplesmente me mandaram traduzir uma revista americana e publicar.

Isso já faz anos e como precisava do dinheiro topei mas pedi para que eu não fosse colocado como editor pois não queria responder por nada daquilo.

Hoje a coisa deveria ser mais simples, mas não é. O Google possui uma ferramenta que consegue detectar cópias e pune na colocação das buscas e também nos pagamentos de AdSense de textos duplicados. Mas a ferramenta não é perfeita e as vezes alguns casos cabeludos ocorrem.

A cópia da IGN Brasil

Um editor da IGN Brasil viu um vídeo em inglês, o traduziu e colocou o texto de @hamboblack no ar como se fosse dele. Não conheço o copiador nem o copiado, mas a cópia foi notada inclusive pelo autor original. Houve uma retratação mas aí a merda já havia sido feita.

Esta é a ética do jornalismo de entretenimento. Coisa muito “moderna”.

O tal jornalismo de entretenimento no Brasil
O tal jornalismo de entretenimento no Brasil
O tal jornalismo de entretenimento no Brasil

A cópia não é só um “inconveniente” é um crime também como aponta Pedro Santoro Zambon, jornalista e professor em excelente matéria falando sobre o caso acima no Drops de Jogo.

Quando o Omelete copiou o Amigos do Fórum

No caso do Omelete um editor copiou quase que literalmente um texto do blog Amigos do Fórum. Não consegui mais informações sobre o caso mesmo porque os lados resolveram tudo rapidamente. 

Luide, dono do texto e do site postou no twitter.

Quando o Cinemarama copiou o Amigos do Fórum

Novamente um problema para o Amigos do Fórum, não pesquisei a fundo a história mas aparentemente Luide teve que denunciar o Cinemarama ao Google para que eles removessem os textos que copiam dele. 

Houve uma hora que decidiram colocar o Amigos do Fórum como fonte, mas o texto não era só uma adaptação, era uma cópia deslavada. Alguns tweets mais acusatórios e algumas publicações foram excluídas.

O Click Bait insano

O tal jornalismo de entretenimento no Brasil

A IGN é um portal gigantesco no Brasil também, agrega jornalistas de renome como Pablo Myazawa e Flávia Gasi, tem uma grupo de YouTubers interessante debaixo de sua asa. Mesmo assim o click bait é insano. O Tio Rockerz aqui viu isso e não conseguiu ficar quieto.

Então eles “arrumaram”… isto que é jornalismo? Não sei bem como classificar a atitude deste grande portal, a versão americana ainda vale alguma coisa mas a versão nacional não me parece muito ética. Não é por se tratar de jornalismo de entretenimento que qualquer coisa vale.

O tal jornalismo de entretenimento no Brasil

Qual o motivo de um portal do tamanho da IGN precisar fazer algo desse tipo. Veja que com o título errado já havia sido compartilhado mais de 100 vezes! As pessoas provavelmente não clicaram e leram para ver que se tratava de um evento como mencionei em meu comentário.

Culpa de quem não leu, mas a culpa da IGN e essa política de click bait é maior. Uma péssima prática que prejudica a imagem de quem trabalha na empresa e não compactua com isso. Sem falar que faz a credibilidade de todo jornalismo de entretenimento no Brasil.

Solução para o jornalismo de entretenimento

Como tudo na vida se todos tivessem bom senso estaríamos discutindo outros assuntos de maior relevância para este blog. Alguns sites são mais éticos que outros, assim como as pessoas também.

Aqui cito apenas alguns exemplos e alguns sites, no YouTube existem muitas reclamações do Uol Jogos também que não consegui averiguar. O Jovem Nerd e o Omelete até onde pude ver são bons exemplos, mas ambos são comercialmente comprometidos com diversas produtoras de games e filmes, logo eles não poderão falar mal de um filme que eles não gostaram mas foram pagos para dar uma boa opinião. E nem vou entrar neste mérito neste momento, fica para um próximo artigo.

O clique no site é importante, aliás é essencial para o veículo, mas consegui-lo à qualquer custo me parece um exagero. Quem exagera deve ser penalizado pela sua falta de ética e bom senso sim. Não estou falando de multa ou processo nem nada disso, mas o público deveria deixar de acreditar em simplesmente tudo que vê naquele site.

Copiar é uma das piores práticas que qualquer meio de comunicação pode ter. Se basear mencionando a fonte é algo que acontece sempre e é bem visto por todos, principalmente se tem um link ali do lado mostrando de onde saiu aquela notícia.

Não é só no dia a dia ou na política que as pessoas precisam trabalhar seu bom senso. Sem falar que respeitar o trabalho do próximo, bom ou ruim, bonito ou feio,no jornalismo de entretenimento ou em qualquer outro lugar é essencial.

Por Rodrigo Castro

Debochado e inconveniente. Escritor, roteirista e designer de brincadeirinha.

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