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Triângulo da Tristeza

Triângulo da Tristeza é a Academia do Oscars esnobando o cinema.

Assim como todo ano tem o filme que o Oscars adora, aquele que tem o jeitinho da academia, todo ano também tem o filme que o Oscars indica para melhor filme apenas por arrogância.

Neste ano esse filme é Triângulo da Tristeza de Ruben Östlund (Turist-2014 e Rutan-2017), que muito descaradamente entrou na fila de indicados desbancando NOPE de Jordan Peele e Emancipation do non grato Will Smith. Se eu não soubesse do histórico racista da academia, até diria que isso não foi um recado.

Pois bem, entrou o Triângulo este ano e, nos primeiros 3 ou 4 minutos parece realmente que foi por mérito. A cena de entrada é fantástica: texto, ritmo, atuações e a crítica que nos são apresentados parecem nos mostrar um filme que será um soco no estômago, uma reflexão perversa sobre o mundo horrível da alta moda com contato físico e despudor.

Triângulo da Tristeza - Blog Farofeiros

Passado esse ato inicial o que começa é uma tristeza (rs), causos e mais causos onde, DE NOOOOOOOVO, Hollywood parece querer falar mal das novas gerações que questionam (com razão) estruturas e microestruturas de poder da sociedade ocidental: sexismo, desigualdade, o ideal de branco, etc.. Pra variar, esta crítica fica na superfície (salvo as cenas onde são colocados em cheque as questões de produção dentro do capitalismo) e a todo momento parece que o diretor está sendo rabugento com o mundo contemporâneo por não saber se adequar a ele.

Pois bem, o filme que começa com pé no estômago desemboca em cenas pitorescas dignas de esquetes do Porta dos Fundos com o ritmo de Relatos Selvagens. Um surrealismo semi violento vazio e cru. Há uma enxurrada de entrecortes que deixam personagens interessantes de lado para falar de outros completamente sem carisma em situações caricatas. Durante uma boa meia hora o filme parece querer tirar sarro de si mesmo, numa cena escatológica que tenta fazer a plateia vomitar com os personagens mas que no fim se torna apenas patética.

Triângulo da Tristeza - Blog Farofeiros

Se pra academia este é um dos melhores de 2023 eu tenho até medo do que eles consideram o que teve de ruim. Deixo aqui meus mais profundo desagravo sobre NOPE não estar entre os candidatos deste ano e que, ainda por cima, temos que aguentar outro diretor ranzinza reclamando sobre a contemporaneidade e, pra variar, sobre como não sabe, ou melhor, NÃO QUER se adequar ao mundo no qual vive.

Na película de Ruben, O Triângulo é jogo de palavras, a Tristeza fica com o espectador e a arte não agradece.

Por José Fernando

Comentarista político(?) no @CoisaBoaPodcast e farofeiro no @FarofeirosCast.

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