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The Game Awards não entende de videogame

Não adianta reclamar pois é um fato que The Game Awards não entende de videogame.

Geoff Keighley e seu negócio prosperaram, devem ter enchido a bucha de dinheiro enquanto as transmissões (e retransmissões) bombavam pelo mundo. Mas é inegável que o The Game Awards não entende de videogame, isto é um fato.

Fizemos mais uma vez um FAROFANDO especial com mais de quatro horas (dividido em duas partes pois a crise climática está pesada para meu computador). Coloquei o termo “lacração” no título já esperando que não houvesse nada do tipo. Mas foi tudo muito pior – até comparado o próprio The Game Awards de 2022.

Vi uma proporção interessante da crítica de games reclamar da ausência de uma crítica à indústria. Demissões em massa, altos lucros de estúdios e manifestações na porta do evento não sensibilizaram o The Game Awards – e nem deveriam.

The Game Awards não entende de videogame - Geoff Keighley - 1 - BLOG FAROFEIROS

O evento faz parte da indústria e o espaço dado a anunciantes é algo assustador, mas não surpreendente. Mas, confesso, a correria para a entrega de prêmios foi engraçada. Ficou claro que a intenção não eram entregar os prêmios, mas sim faturar.

Uma premiação que acha melhor ganhar dinheiro do que premiar? Seja bem-vindo ao capitalismo!

Obviamente o grande vencedor do ano, Baldur’s Gate 3, teria destaque.

A Epic Games, do milionário Fortnite, demitiu 870 funcionários só este ano. Seguido da CD Projekt Red, de Cyberpunk 2077, que demitiu 100. A Eletronic Arts demitiu mais 700 enquanto a Microsoft 10.000 funcionários que afetou estúdios envolvidos em Halo, Starfield e The Elder Scrolls. Nem vou chegar perto da treta da Bungie e o resultado catastrófico de Destiny 2. E isto nem foram todas as demissões.

Ah, mas e a crise? Ah, ela existe só para os trabalhadores de games.

Segundo o site IGN em 2022, o faturamento global do setor de games foi US$ 196 bilhões, quase duas vezes mais que o arrecadado pelas indústrias do cinema e streaming somadas no ano de 2019. Isso mesmo, com a pandemia.

Gente desempregada? Saiam daqui, o The Game Awards não é para vocês.

Sem mencionar a “polêmica” em volta do meu amado Dave The Diver. O game, apesar do visual “simplista” em pixel art existe um grande financiador com os bolsos cheios de dinheiro. O jogo não deixou de ser bom, ainda é um dos meus favoritos nos últimos tempos, mas ele não pode ser simplesmente chamado de jogo independente.

Porém, Geoff Keighley não concorda comigo – obviamente.

Independente pode significar coisas diferentes para cada pessoa. Você pode discutir: será que independente significa o orçamento do jogo, será que significa a fonte do financiamento ou significa o tamanho do time? É o espírito independente do game? O que significa um jogo menor e que é diferente?

Geoff Keighley, que não sabe o que é um jogo independente.

Quando Keighley normaliza a questão do financiamento milionário por trás ele ignora o trabalho e o esforço de um braço importante da indústria. Aqueles que trabalham de maneira independente, sem financiamento.

Para nós, que não somos videogameiros profissionais, o The Game Awards foi um grande amontoado de trailers com raros jogos interessantes. O Gamedev.World ocorreu no dia seguinte e, infelizmente, não pude acompanhar como queria, com diversas palestras interessantes, inclusive de diversas brasileiras desenvolvedoras independentes.

Geoff Keighley com certeza precisa assistir.

Abaixo você vê a primeira parte de nossa live acompanhando o The Game Awards 2023.

Por Rodrigo Castro

Debochado e inconveniente. Escritor, roteirista e designer de brincadeirinha.

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