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O Sequestro do Voo 375

Veja detalhes do filme O Sequestro do Voo 375, produção original do Star+.

O filme retrata de forma bastante fiel o sequestro do Voo 375, fato histórico pouco citado e que poderia ter se transformado no maior atentado terrorista da história do Brasil. O filme está disponível no Star+. A direção do filme é de Marcus Baldini e a produção de Joana Henning, que decidiram resgatar a história do Voo 375 e apresentar o heroísmo do piloto Fernando Murilo que não aparece nos livros de história. Este é o enredo do filme O Sequestro do Voo 375.

A história do sequestro

Em 1988, Raimundo Nonato Alves da Conceição ingressou armado em uma aeronave na extinta VASP e sequestrou o voo. O objetivo de Raimundo? Levar o avião até Brasília e cometer um atentado contra o Palácio do Planalto.

Raimundo era um tratorista afetado pelas péssimas condições econômicas da época, com inflação de 17% ao mês e taxa de desemprego crescente. Raimundo estava abalado com as condições e culpava Sarney pelo fato de estar desempregado e não ter condições de sustentar a própria família, como conta o livro “Caixa-preta: o relato de três acidentes aéreos brasileiros” de Ivan Sant’Anna.

Em desespero, Raimundo decide que a única forma de resolver o problema era lançar um avião contra o Palácio do Planalto com intenção de assassinar o presidente da República. O Voo 375 foi o escolhido.

O voo havia saído de Porto Velho com destino ao Rio de Janeiro, ele faria quatro escalas no caminho, sendo a última antes de seu destino final em Belo Horizonte. No aeroporto de Confins, Raimundo embarcou com uma arma calibre 32 e, cerca de 20 minutos após a decolagem, ele atirou contra a cabine, o que forçou piloto e copiloto a abrirem a porta.

O Sequestro do Voo 375 - Star+ - BLOG FAROFEIROS

Raimundo então invadiu a sala, declarou sequestro do voo e falou sobre seu objetivo, ordenando que o voo fosse redirecionado para Brasília. O piloto, Fernando Murilo, tentou negociar com o sequestrador e manter uma linha racional de argumentação. 

Enquanto conversava com Raimundo, Fernando Murilo conseguiu enviar ao Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle de Tráfego o código correspondente à interferência ilícita a bordo. Murilo manteve contato, de forma velada, com controladores de voo. Diferente do copiloto, Salvador Evangelista, que iniciou uma resposta com Centro Integrado e acabou baleado na nuca, morrendo dentro da cabine. 

Mesmo com o assassinato do co-piloto, Murilo manteve a racionalidade tentando convencer Raimundo de que o avião não conseguiria chegar aos eu destino final devido a ausência de combustível para isso e que ideal era um pouso em Goiânia. Raimundo insistia no plano de chegar a Brasília, mas foi surpreendido pelo piloto que possuía habilidades de seus tempos de Esquadrilha da Fumaça.

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Em um procedimento incomum para voos comerciais como o Voo 375, Murilo deixou a aeronave em queda-livre por um curto período de tempo, o que desequilibrou o sequestrador e permitiu que ele realizasse um pouso em Goiânia. É importante dizer que a racionalidade de Murilo não foi mantida em vão: um caça da Força Aérea Brasileira já estava escoltando o avião e com ordem de abater a aeronave caso seguisse rumo ao Distrito Federal. 

Murolo buscava salvar sua vida, a vida do restante da tripulação e dos 100 passageiros a bordo que, após o assassinato de Evangelista na cabine, já estavam em desespero. Não é spoiler contar o fim da história, pois é um caso emblemático, mesmo que seja pouco falado na mídia, mas Raimundo após o pouso em Goiânia manteve todos reféns e exigiu outro avião para cumprir seu objetivo.

Raimundo acabou preso, após ser baleado por agentes da Polícia Federal, e morreu dias depois no hospital. Segundo os laudos da época, a morte de Raimundo foi por anemia falciforme, não tendo relação com os ferimentos por arma de fogo. 

Mudanças em aeroportos

A história do Voo 375 foi responsável por mudanças de protocolos em aeroportos brasileiros. Foi a partir da tragédia, que parecia anunciada pela falta de procedimentos de segurança em boa parte dos aeroportos, que procedimentos como raio-x e regras de embarque para armas de fogo começaram a ser seguidos. 

Com o tempo e outros casos emblemáticos em nível internacional, os protocolos de segurança tornaram-se cada vez mais rigorosos para voos comerciais. 

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Sobre o filme

Como citado antes, o filme retrata de forma bastante fiel os acontecimentos do sequestro desde a entrada de Raimundo Nonato no voo até o final do sequestro. O filme mostra o heroísmo de Fernando Murilo e suas tentativas de convencer Raimundo a mudar de ideia, além dos ousados procedimentos no ar que conseguiram desequilibrar o sequestrador e permitir pouso em Goiânia. 

A atuação de Jorge Paz como Raimundo Nonato  impressiona e consegue transmitir ao espectador o desespero de um homem desempregado em meio a uma grave crise econômica e sua ira contra o presidente da República. 

Danilo Grangheia, como piloto Fernando Murilo, consegue nos transpor para momentos de medo e tensão em suas tentativas desesperadas de manter racionalidade em meio ao caos instaurado no voo. 

O cenário do filme nos permite ter dimensão dos acontecimentos, já que foi gravado dentro de um Boeing 737-300, o mesmo modelo sequestrado, que foi adquirido de um colecionador e restaurado para uso na produção. A reconstrução do cenário e o figurino foram muito bem realizados, sem forçar referências culturais da década de 1980 mas nos reportando diretamente ao período já na primeira cena.

Por Paola Costa

Professora, podcaster e palpiteira. Só falo de temas aleatórios, não reparem a bagunça (ou reparem).

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