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Assisti Sandman sem ler o quadrinho

Assisti Sandman sem ler o quadrinho e olha o que aconteceu!

Passei boa parte da infância e da vida adulta vendo trechos da HQ de Sandman pela internet à fora. Nunca, porém, tive interesse de ler ou parar para pesquisar um pouquinho. Só sabia que fazia parte da galeria de HQs ‘adultas’ – com temas mais sérios e profundos – que compunha uma prateleira ao lado de Watchman e o mundo sombrio da Liga da Justiça. Isso mesmo, assisti Sandman sem ler o quadrinho.

Hoje, aos 32 anos, ainda não li mas dei uma chance pra série que acabou de sair na Netflix e fiquei muito grato. 

Sandman, a série abriu um pra mim um portão mitológico próprio que, sinceramente, não vejo semelhança em nada feito pela cultura pop atual. Como é gostoso ver os personagens transitando entre mundos, histórias e situações únicas de algo feito por alguém que realmente pensou naquilo por muito tempo ao invés de cuspir um roteiro batido de super herói que, convenhamos, está nos limites do ad nauseum no momento.

Me deparei com um personagem principal cativante mesmo que engessado e pouco emotivo. Faz sentido se você parar para pensar que o homem de areia dos sonhos é um deus e, portanto, sem reações evidentes. 

Ao longo da trama porém, essa falta de profundidade é compensada com dilemas morais e humanos que cumprem o papel clássico de trazer o deus para perto de nós, sobretudo quando pensamos que, metade da jornada é apenas uma busca por apetrechos – ótimo recurso para explorar a mitologia sandmaniana.

Morfeus, que sempre se ateve ao seu dever, se pega literalmente preso pela ambição do humano e pelas aflições do mesmo. Um contraste de emoções clássicas de uma obra escrita. A jornada do herói não tem uma linha tão convencional e serve para mostrar os personagens ao redor do deus dos sonhos. Estes, devo dizer, são todos excelentes. 

John Dee, que já conhecia da animação da Liga da justiça, está representado a caráter e com a glória de um vilão que não tem seus grandes superpoderes, apenas uma visão torpe do mundo (o episódio da lanchonete é um primor).

Lúcifer! Minha nossa. A Brienne de Tarth perfeita e maravilhosa num tom aterrorizante que ao longo de seu episódio não precisa esboçar nenhum tipo de ‘crueldade’ para se mostrar má. A batalha de ambos é digna de um RPG jogado com ficha de sulfite e dados caseiros de quatro lados.

Prosseguindo na trama somos apresentados à magnifica adaptação da morte e sua jornada absolutamente emotiva que não faz juízo de valor sobre o que faz e o faz porque, como assim disse, precisa fazer. 

Mais à frente somos apresentados ao Vórtice (Rose Walker) e sua busca pelo irmão. Ambos os atores e principalmente fazem barbaridades em termos de emoções e lutas próprias.

Coríntio é um colírio para os olhos para quem procura o vilão clássico megalomaníaco. Charmoso e ao mesmo tempo egocêntrico. A reunião de assassinos que inspirou é um show à parte.

Para além destes, Sandman se sustenta e muito em um elenco fortíssimo cujas atuações não pecam em momento algum. A mitologia da série é tão forte que a sensação de que você está abrindo um livro de contos antigos salta e transpira o tempo todo.

Se a falta de emoções de um deus dos sonhos é a jornada a ser explorada para Morfeus, o show do elenco compensa isso de forma magistral.

Nota: 8 Farofas

Assisti Sandman sem ler o quadrinho - Netflix - FAROFAS - Blog Farofeiros

Nota da Redação: aqui tem outro review da primeira temporada de Sandman, mas de alguém que leu todos os gibis mais de uma vez e queria ser o Morfeus quando crescesse. Spoiler: ele falhou.

Por José Fernando

Comentarista político(?) no @CoisaBoaPodcast e farofeiro no @FarofeirosCast.

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