E as roupas da Yasmin Brunet no BBB24?
O BBB 24 começou e com menos de uma semana as polêmicas já rondam a casa mais vigiada do Brasil. Além das falas capacitistas de um dos participantes do grupo Pipoca, que o levaram a sua eliminação no jogo, outra polêmica surge: as roupas de Yasmin Brunet.
Os participantes Maycon e Luigi comentaram sobre as roupas da Sister. Para eles, Yasmin ao usar roupas transparentes causa desconforto. A justificativa dos brothers é que Yasmin tem “um corpão” e “piercing nos mamilos” o que tornaria impossível “não olhar” e poderia causar problemas com suas esposas fora da casa.
Bom, vamos lá… (senta que lá vem textão)
Yasmin Brunet é uma mulher de 35 anos, com uma carreira consolidada como influenciadora e filha de uma das maiores modelos que o Brasil já teve (a Luiza Brunet). Yasmin desde cedo posou para revistas, desfilou em grandes passarelas e participou dos mais diversos eventos como presença VIP.
Seja pela influência do nome da mãe ou por talento, Yasmin tem sua carreira e fãs (muitos fãs). O corpo e o rosto de Yasmin são suas ferramentas de trabalho como modelo e influenciadora, e ela nunca negou seus procedimentos estéticos, seu gosto para roupas caras e seu apego à moda.
Talvez alguns leitores digam que mulheres loiras e magras como Yasmin existem aos montes nas universidades privadas do país, mas não é sobre isso que quero falar.
Eu quero falar sobre a mulher que tendo uma carreira e personalidade acabam colocadas em um lugar de objetificação. Sim, dizer que Yasmin não deveria usar decotes e transparências porque “chama a atenção” é colocar a influenciadora em um lugar de objetificação constante.
“Não tem como não olhar”. Olhar para uma mulher que você considera bonita não é desrespeito se você não lançar sobre ela olhos de quem quer devorá-la. Toda mulher, mesmo as que não nasceram no padrão Yasmin Brunet (como é meu caso), sabem de que olhar estou falando.
Aquele olhar pervertido que nos deixa desconcertada porque não sabemos como reagir a ele, que nos dá nojo e repulsa e nos deixa desconfortáveis – às vezes por dias. Aquele olhar que nos fere e, por vezes, faz com que a gente se sinta culpada por ter colocado uma saia mais curta, um decote mais acentuado ou usado uma transparência.
Não é possível que em pleno 2024 a gente ainda precise recordar aos homens que eles podem olhar para uma mulher com admiração pela sua beleza, sem tornar isso algo desconcertante. Também não é possível que, em pleno Século XXI, a gente precise debater sobre o fato de que mulheres podem – e devem – se vestir conforme acharem mais adequado e que isso jamais dará ao direito a um homem de importuná-la.
É 2024 e me pego escrevendo um texto para defender uma mulher padrão dos olhares despropositados e comentários escandalosos, machistas e misóginos de homens dentro de um reality show. Pior do que isso: me pego defendendo uma influenciadora, totalmente fora da minha bolha de amigos e conhecidos, porque ela está sendo atacada nas redes sociais com comentários maldosos sobre… vejam bem… seu corpo escultural em roupas transparentes.
