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Qual é a graça de One Piece?

Qual é a graça de One Piece?

Existem três coisas que não podem ser interrompidas: o sonho dos homens, o fluxo do tempo e a vontade herdada, enquanto as pessoas continuarem buscando o sentido da liberdade tudo isso jamais deixará de existir.

Gol D. Roger

Talvez um dos maiores mistérios que tangenciam a obra do One Piece seja o que nomeia a própria obra: o próprio One Piece. Alerto que aqueles que nunca leram o mangá ou assistiram ao anime que este artigo do Farofeiros é para você, mesmo contendo o maior (SIC) spoiler da obra. Tentarei eu – um reles adorador do Eiichiro Oda – supor qual a verdadeira graça de One Piece.

Para aqueles que acompanham o mangá a mais de uma década (como eu) ou quiçá a mais tempo (não só possível, como provável), se viram pegos no bait do título com a capa. Mas não me abandonem (pelo menos não agora), porque ainda farei vocês passarem mais raiva. Realmente tentarei acertar o porquê de o One Piece ser uma história engraçada (memedocapitãoaméricadizendoqueentendeuareferência.jpg).

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Qual é a graça de One Piece - Blog Farofeiros

Para os piratas (que esticam) de primeira viagem, o plot da história se dá no fantástico mundo criado pelo mangaká Eiichiro Oda onde o proclamado rei dos piratas Gol D. Roger (e não Gold Roger) declara, em suas últimas palavras antes de sua execução, que aquele que chegasse na última ilha do mundo teria direito sob todo o seu tesouro; tornando-se assim o próximo Rei dos Piratas. A partir desse último ato, Roger inaugura a Era dos Piratas onde milhares de piratas lançam-se por perigosos mares em busca do One Piece. Com isso, içamos velas com Monkey D. Luffy rumo a aventura de juntar uma tripulação e se tornar o próximo Rei dos Piratas.

Simples, não?! Hahahahahaha Não. Se fosse tão simples essa obra não teria completado duas décadas de publicação semanal com mais de 1000 capítulos (e hiatos [mas muitos hiatos {mas não estou de sacanagem, é hiato pra caral#*%; a ponto de eu chorar a cada vez que vejo um “não teremos capítulo novo na semana que vem”}]) principalmente num universo ultra competitivo da Shonen Jump.

Mas vamos ao que interessa? Pra quem acompanhou por toda a obra até então (e/ou está em dia com o anime) conseguiu ver as lembranças de Kozuki Oden acerca da última viagem de Gol D. Roger até a Última Ilha da Red Line. Nessa ilha estariam contidas as repostas de todos os mistérios da obra: dentre elas o Grande Reino, o Século apagado dos Poneglyph, as Armas Ancestrais e o enigma dos D. Ao serem as primeiras pessoas a pisar na ilha e avistar o tesouro definitivo em 800 anos, Roger e sua tripulação teriam uma reação um tanto que peculiar: riram. Eles acharam o resultado de sua aventura tão engraçada que nomearam a Última Ilha de Laugh Tale (“Conto Engraçado”).

De fato, é engraçado. Pensar que a reação de um bando de piratas que enfrentaram os maiores perigos de seu mundo pra chegar num local foi rir, é, no mínimo, surreal. Temos a proeza de ver a cena que, claro, esconderia o segredo, mas ainda sim sair com mais mistério de que antes dela. Afinal, dentre todos os sentimentos porque seria engraçado?

É aqui que Pedro Octávio mergulha no campo especulativo, porém – não se enganem – falo seriamente quanto a minha teoria e acredito piamente nela. O maior e verdadeiro tesouro de One Piece ~ rufem os tambores ~ é: toda a jornada e amigos que você fez para chegar até ali.

Sim, pode sentir raiva de mim.

Sim. Falo sério.

Não. Não estou de sacanagem.

Caso você não tenha se debulhado em ódio quanto a minha pessoa e fechado a aba do seu navegador (te admiro por isso), te apresentarei os meus motivos com base no que temos de informação dada pela própria obra.

Antes de mais nada: não estou me esquecendo de que todo o mistério de Joy Boy e da formação do Novo Governo Mundial estão contidas no One Piece. Também sei que o próprio Oda já afirmou que o tesouro é algo palpável e não somente uma mensagem de “parabéns por chegar até aqui”. Mas vamos nos ater a maior informação que nos foi dada sobre ele: ele é algo engraçado.

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Não basta o personagem ancestral da obra por trás ter contado uma história hilária, ele ainda se chama Joy Boy (“Garoto Feliz”). Não vou especular quem ele foi pra não me alongar, mas enumerar o que sabemos. Joy Boy é amplamente ligado ao Grande Reino e ao Século Perdido. Ele tinha sob seu alcance as três Armas Ancestrais (que sabemos que alguma (s?) são pessoas) e sabia escrever por meio dos Poneglyphs. Mas seus objetivos e metas não foram revelados. Tudo nos leva a crer que ele desejava formar um mundo onde todas as raças e reinos estivessem em união. Quem se opôs à sua Utopia seriam os 20 reinos que se tornariam o Governo Mundial e os Teryuunbitos.

O Governo Mundial teria vencido a Grande Guerra e apagado todo um século de História, tendo unicamente sido incapaz de destruir os Poneglyphs por serem feitos de um material indestrutível. Para manter o segredo intacto, a leitura dos poneglyphs são puníveis com a morte. Seguem as páginas que são o embasamento pra tudo o que sabemos quanto aos maiores mistérios para refrescar a memória daqueles que estão a tempos de leitura e não se lembram de tantos detalhes:

Tudo isso faz sentido. Faz muito sentido. Só não faz sentido ser engraçado. Os Rio Poneglyph e Road Poneglyph são os espinhos no pé do Governo Mundial. Mais especificamente: Joy Boy é esse espinho.
Mesmo que as pessoas nunca tivessem tido contato com o Século Perdido, todos os estudiosos acabariam por se esbarrar nos poneglyphs e, inevitavelmente, ficariam curiosos por respostas. Mais instigados ainda ficam se veem o esforço absurdo do Governo em querer esconder (um prato cheio pra grupos como os dos Revolucionários). É meramente questão de tempo até que que alguém se voltasse contra o Mundo para poder descobrir a verdade, e esse alguém foi Gol D. Roger.

Mas toda a expectativa de Roger virou de cabeça para baixo. Depois de tudo o que ele passou, mesmo com uma doença terminal incurável, para chegar ao Tesouro Lendário de Joy Boy, tudo o que ele pode fazer foi rir. Se fosse uma risada de desespero por não ter um tesouro, os outros não teriam rido. Mas todos riram. Ou seja: todos dali viram graça.

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Reyleigh confirma o que Oden conta em suas memérias. Eles, de fato, descobriram todos os mistérios quando chegaram a Laugh Tale. Ele afirma que eles chegaram a uma conclusão com a verdade descoberta, mas que os Chapéus de Palha poderiam chegar a uma conclusão totalmente diferente. Então podemos pensar que a graça possa ser somente percebida pelo bando de Roger.

Tá, Pedro Octávio, mas qual a graça? E porque você me fala que o verdadeiro tesouro é o clichê de “aventura, amigos e blablabla”?

Porque Roger e seu bando saíram de lá pra ser um bando de pé rapados espalhados pelo mundo. O Rei dos Piratas se entrega pra morrer em praça pública ao invés de rico e bêbado em algum lugar do East Blue. Ele se entregou pra ser executado com um único objetivo: estimular o mundo pra se lançar ao mar para chegar ao One Piece.

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Por que? Gol D. Roger disse que o One Piece “contém tudo o que o mundo pode oferecer”. Isso, claro, não automaticamente significa tesouros como ouro e prata. Mas ele não explanou as verdades que o Governo Mundial queria esconder, então também não é uma informação que, por si só, derrubaria os Reis do Mundo. Ou, pelo menos, não naquele momento pois eles concluíram que chegaram em Laugh Tale cedo demais.

Então chego a minha conclusão:

Joy Boy teria como meta um mundo unificado. Isso só seria capaz com um mundo que estivesse reverberando com o profundo desejo de liberdade e aventura. Para isso, Joy Boy teria plantado a “semente” da aventura nos povos com os mistérios dos poneglyphs. Somente homens sonhadores teriam força de vontade para superar todos os desafios e chegar na última ilha. Mesmo o tempo e o Governo não seriam capazes de impedir o homem de alcançar sua liberdade.

Joy Boy tinha certeza que a sua vontade seria herdada por grandes homens no futuro. Gol D. Roger contava com isso também, assim como desejava poder ter vivido no mesmo tempo que Joy Boy, pois com certeza teriam sido grandes amigos. Todos aqueles capazes de chegar ao One Piece seriam aqueles que herdariam a vontade de Joy Boy, talvez essa vontade seja a mesma que tornam aqueles com nome D. tão especiais.
Mas isso não seria contar com o ovo dentro da galinha? Não para pessoas como Boy e Roger. Eles têm fé de que seus ideais sempre serão representados na forma de grandes homens no futuro. Afinal: todos desejam liberdade, mas poucos tem a força de vontade de conquista-la. Os audazes serão àqueles responsáveis por mudar o mundo. Serão àqueles que guiarão os demais para o novo ideal.

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Todos aqueles capazes de chegar ao One Piece serão aqueles que verão qual o verdadeiro valor: toda a aventura que você viveu para chegar até aqui. Chegar no local depois de enfrentar reinos, piratas, reis dos mares, tempestades, etc… e descobrir que o caminho que você trilhou é o que faz valer a pena? E nós, como leitores, não acharíamos graça nisto? Eu acho. Passei a última década lendo essa obra. Provavelmente passarei a próxima década lendo. O que eu ri, chorei, me arrepiei com One Piece não tá no gibi (ou será mangá?). Mesmo que esse seja o final clichê, não será óbvio ter valido a pena toda essa aventura? Assim como não vale a pena eu torrar minha madrugada inteira pra fazer um texto para que mais algumas pessoas vivam também essa aventura?

Eu não quero conquistar nada, só acho que a pessoa com mais liberdade do mundo é o rei dos piratas!

Monkey D. Luffy

Vale. Vale muito. Vale toda a pena.

Por Pedro Octávio

Graduado em História na UERJ-FFP. Podcaster, modelo plus-size, pesquisador e hamburgueiro. Como faço isso tudo? É que faço tudo mal feito.

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