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Minha história com o GameShark

A minha história com o GameShark não é algo simples…

Farofeiros, farofeires e farofeiras, preciso compartilhar com o mundo minha história com o GameShark. O mundo era outro, a Nintendo era um pouco menos pior, mas ainda assim estamos falando do Brasil dos anos 2000. Apesar da melhoria econômica muita coisa do exterior dificilmente era disponível para nós.

Dentre as coisas que nunca chegariam para o videogameiro brasileiro estavam os Pokémons shiny (brilhantes?) que os eventos da Nintendo distribuíam. Lembro de ficar extremamente triste em saber que seria impossível ter um Growlithe de cor alternativa apenas por ser brasileiro.

Na época não me firmei muito em fóruns de discussões – até hoje tenho paúra desses grupos – mesmo assim corri atrás de um especializado nos jogos para GameBoy. Precisava tentar ver qual era a solução daquele povo para o descaso com os fãs brasileiros (ou o mercado nacional em si).

A solução me surpreendeu pois a única maneira de se conseguir os bichinhos exclusivos era trapaceando. Os fãs da Nintendo, para conseguir as coisas da Nintendo tinham duas opções: executar o processo de clonagem (que consistia em puxar o cabo dos GameBoys durante uma troca) ou adquirir o infame “acessório” GameShark.

Para quem não sabe o GameShark é um sistema para consoles que permite o jogador alterar o jogo. Em consoles com leitura de disco colocava-se o GameShark e depois de rodar no sistema colocava-se o jogo. Em sistemas de cartucho havia um adaptado que era colocado no soquete antes do cartucho.

Minha história com o GameShark - GameBoy Color - www.farofeiros.com.br

E a comunidade brasileira, que já era mantida por muitas pessoas que usavam emulador. Os que tinham o portátil, eram obrigados à piratear para estarem no mesmo patamar do resto do mundo. Depois de um campeonato organizado pelo fórum fui convencido de que deveria comprar o GameShark.

Apenas para registro geral aviso que era o mais velho jogando lá e fui triturado por moleques de 13 anos.

A versão do GameShark para GameBoy que (ainda) tenho vem inclusive com uma saída USB para você poder atualizar o software. Vi gente que inclusive “limpava” cartuchos piratas para colocar outros jogos.

Minha história com o GameShark não acaba aí pois, enquanto tentava sacanear a Nintendo por me sacanear algo inesperado aconteceu. Fui sacaneado pelo acessório, na internet super limitada na época, não encontrava os códigos corretos para a versão do meu aparelho. Então não conseguia exatamente o que precisava, mas trapaceava.

99 Master Ball? Sim. Pokémon que eu queria, da cor que eu queria com os stats que eu queria? Não.

Isto ocorreu no início dos anos 2000, mas me marcou demais e mostrou para mim o quanto uma empresa se preocupa com seus fãs brasileiros. O Brasil viveu e vive uma situação terrível que privilegia quem tem muito e deixa quem tem pouco com menos ainda e como a Nintendo se importa só com quem tem dinheiro acaba cobrando R$ 300 por seus jogos.

E pirataria que é crime? Pelo menos o Jogo do Bicho Pokémon é grátis (por enquanto).

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O dinheiro pode ter energia mas Why The Lucky Stiff não tem.

Por Rodrigo Castro

Debochado e inconveniente. Escritor, roteirista e designer de brincadeirinha.

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