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Alan Moore se aposenta dos quadrinhos

Alan Moore se aposenta dos quadrinhos e não fiquei feliz com a notícia, obviamente. Não sei precisar exatamente quando conheci a obra de Alan Moore mas posso numerar as diversas histórias que gosto do autor: Batman – A Piada Mortal, Watchmen, Monstro do Pântano, Promethea, Miracleman, V de Vingança, Do Inferno, A Liga Extraordinária

São muitos, mais acertos do que erros apesar de confessar de não ter gostado do único livro que li dele, A Voz do Fogo. É indiscutível a importância do barbudo para os quadrinhos, suas histórias sinistras e violentas sempre trazem um final surpreendente ou aterrorizante. Ou as duas coisas.

Sua obra foi rasgada e remendada tantas vezes e por tantas pessoas que não me assusto mais com remodelações modernozas de qualquer Zack Snyder tenta fazer. Alan Moore se aposenta dos quadrinhos por coisas desse tipo.

Recluso ele simplesmente menospreza todo o dinheiro que os direitos autorais lhe proporcionariam por ativamente discordar de tais reproduções, principalmente as cinematográficas. Mesmo assim reconheço que gostei muito de Watchmen, V de Vingança e Do Inferno. A Liga Extraordinária tinha o Sean Connery logo seria impossível o filme ser ruim.

Monstro do Pântano com a cara do Alan Moore  - Blog Farofeiros
Monstro do Pântano parecido com Alan Moore?

Promovendo seu novo livro Alan Moore declarou que teria cerca de 250 páginas de gibis sobrando dentro dele, prometeu que serão boas mas que serão as últimas. Um trabalho para a Avatar Press que adapta um romance de HP Lovecraft, uma outra chamada Cinema Purgatorio e uma edição final que concluiria A Liga Extraordinária.

O mago antissocial e mal humorado dos gibis decidiu largar de vez a arte que o tornou famoso já que, segundo ele, as histórias atuais de super heróis são um escapismo falho além de acreditar que ele já fez tudo o que pode com o gênero e que se continuasse acabaria escrevendo algo que tanto ele como seus fãs desejariam que fosse melhor.

Quadrinhos sem a voz do fogo de Alan Moore - Blog Farofeiros

Em Jerusalem, seu mais recente livro, um personagem se nega a procurar gibis nos dias de hoje, mesmo sabendo que estão na moda ao ponto de adultos lerem sem ter medo do ridículo. “Essa é provavelmente uma mensagem do autor“, esclareceu Alan Moore.

“Eu acredito que exista um bom motivo para que centenas de milhares de adultos fiquem esperançosos pelas novas aventuras do Batman, mas fico no escuro procurando esta razão. (…) Os filmes de super heróis – personagens que foram inventados por Jack Kirby em 1960 ou antes – eu tenho um grande amor por esses personagens como eles eram quando eu tinha treze anos de idade. Eles foram brilhantemente desenhados e criados. Mas eles são de 50 anos atrás. Eu acho que esse século precisa, merece, sua própria cultura. Merece artistas que estão tentando dizer algo relevante para o tempo que vivemos. Essa é uma forma rebuscada de dizer que estou de verdade de saco cheio de Batman.”

Alan Moore

Moore tem razão? Com certeza! Não faltam talentos mas falta dinheiro para um palco suficientemente iluminado para que um projeto ganhe o mesmo destaque que um título da Marvel ou DC. Falta dinheiro para sustentar a arte.

Toda a obra que ele não possui direitos autorais foi solicitado que seu nome fosse removido… Wem falar que ele não autografa mais nenhuma dessas obras. Até a versão reeditada de Miracleman sofreu isso, tudo por conta dos direitos de que ele não possui de obras dos anos 80 que incluem diversas histórias do Batman, Watchmen e V de Vingança todos da DC, editora que o autor brigou ferrenhamente.

É claro que ele é ressentido com tudo o que passou, com a DC ele deve ter mágoas irreparáveis. Odeia Hollywood, imagina só o que ele pensa dos filmes da editora que o apunhalou e recortou e refez a história do jeito que quis no cinema… bom, nesse caso concordo com ele pois Zack Snyder é um vírus que precisa ser combatido.

Relógio do Apocalipse - Alan Moore - Blog Farofeiros
Watchman de Alan Moore não era para ser revivido…

Pensei muito do que escrever do autor, ele é definitivamente um dos meus favoritos mas constantemente faz o papel de doido de pedra… mas aí você olha as razões dele e até concorda… até sair mais uma história que você parece interessante do Batman.

Fazem anos que sinto falta de Alan Moore dos quadrinhos… Sinto falta dele escrevendo para outros personagens que não sejam os dele. O cara é genial, maluco de pedra, mas genial e espero que o último número da Liga Extraordinária seja uma bela despedida.

O artista Caio Oliveira fez um breve quadrinho sobre o sentimento de abandono que os fãs do autor estão sentindo, acho que descreve bem o que sinto agora.

Por Rodrigo Castro

Debochado e inconveniente. Escritor, roteirista e designer de brincadeirinha.

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