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Millennial geriátrico

Sou um millennial geriátrico e você também deve ser (ou não né, vai saber).

Farofeiros, farofeires e farofeiras, sou um millenial geriátrico. Esta definição caiu no meu colo logo após meu amigo @OAstromarmore chamar a mim e a @VeiaDosCausos de velhos ao vivo durante a gravação do Farofeiros Cast na Twitch. Se não acompanhou perdeu a chance de ouvir me enviando uma retumbante ofensa online de forma digital, não resolveu o assunto mas pelo menos desopilei o fígado.

Acontece que o The Telegraph publicou uma matéria falando sobre a minha geração, que considerava perdida entre a Geração X e os Millennials, e agora ganha um nome (e até uma função). Essa micro-geração (sic) nascida entre 1980 e 1985 seria uma geração híbrida, que atua bem no mundo digital e no mundo analógico. Traduzindo para as pessoas dessa geração acredito que podemos nos definir como as crianças que sabiam programar o relógio do videocassete e usar o Twitter hoje em dia.

Me identifico com esta geração pois nunca pude ser um cara pintada nem pude sair às ruas pedindo diretas já, era muito novo. Quando a internet surgiu no Brasil já era um jovem adulto que pagava algumas contas de casa, meu primeiro celular foi um StarTac sem identificador de chamada pois era um serviço adicional da BCP. Ah, e comprei usado de uma amiga já na faculdade.

Millennial geriátrico - Blog Farofeiros

Hoje sou um pai quarentão que tem um blog de bobagens à 18 anos (pois é) que vive fazendo memes no Twitter, lives de joguinhos de videogames e ainda tem um emprego no mundo real para pagar a cerveja e as fraldas. Lembro de ver a transmissão da queda do muro de Berlin na TV e minha mãe sofrendo para fazer o FIAT 147 pegar usando o “afogador”. Tive um boneco Falcon barbudo e importei meu primeiro Super Nintendo de uma loja do Paraguai.

E mesmo assim não sou avesso à tecnologia hoje em dia, mas como não sou um caso de sucesso nem nada vamos aos nomes grande. O pilantra do Mark Zuckerberg é de 1984, Alex Ohanian do Reddit é de 1983 e Brian Chesky do Airbnb é de 1981. Algumas vendem isto como se fossem as melhores pessoas para liderar outras gerações em um ambiente misto de trabalho. Tá certo que já viajei para beber na cidade de um amigo pra jogar Rock Band bêbado e acordar de ressaca para jogar o beta de expansão de World of Warcraft no 3G no notebook.

Millennial geriátrico - Blog Farofeiros

De fato, somos a primeira geração à crescer com acesso à computadores pessoais – mesmo que isso tenha demorado mais tempo no Brasil, afinal a ditadura fodeu tudo. Na escola lembro de ensinar minha professora de ciências a usar o Windows, sem mencionar que fui uma das primeiras pessoas a ter um “scanner de mão”. Ah, durante a faculdade as pessoas me achavam chic pois eu andava com um pager na cintura.

No Brasil o millennial geriátrico provavelmente usou o Cadê? como ferramenta de busca e usou o eMule mais do que deveria. Talvez tenha criado um “site” no GeoCties cheio de GIFs de gosto duvidoso e tenha mandado para a namoradinha da época. Meu primeiro email foi do SOL, o extinto provedor SBT On Line, e fora disso tinha um no Yahoo que, de tão antigo, perdi a propriedade.

E mesmo assim fico procurando nova tecnologias para este blog, para minhas streams e outras coisas. Mas confesso que sempre procuro algo que evite dor de cabeça e não complique demais para minha rasa paciência.

Afinal sou um burro velho da internet. Com muito orgulho sou um millennial geriátrico – mas só às vezes.

Pensamento do Dia

Steve Buscemi - Pensamento - Blog Farofeiros

Nem sempre é um pensamento sobre um odor no escuro pra acabar com sua vida.

Por Rodrigo Castro

Debochado e inconveniente. Escritor, roteirista e designer de brincadeirinha.

2 respostas em “Millennial geriátrico”

Nasci em 1976, vi essas coisas que tu comenta e no trabalho também me “alugavam” por entender de computadores sendo que o máximo que eu fazia era ler a Ajuda do Windows e ganhar dicas do Assistente do Offíce!
Aliás, saudades dos assistentes do Office!
Abraços Rodrigo, parabéns por manter o site atualizado!

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