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Matrix Resurrections

Tentando explicar o que entendi de Matrix Resurrections.

Está difícil de acreditar no quanto estou demorando para digerir Matrix Resurrections. São tantas interpretações, detalhes e nuances que estou genuinamente assustado – mas no bom sentido da expressão. Este é o que me atrai em toda a saga Matrix: discussões e teorias sobre pontos de vista diferentes da obra original das Wachowski. 

A maioria das minhas teorias (ver o podcast MATRIX FAROFECTIONS) estavam certas e erradas ao mesmo tempo, pelo menos o The Kid nem deu as caras. Mas nada poderia ser tão simples assim.

Fui assistir Matrix Resurrections com mais expectativas do que deveria, para mim este seria o lançamento importante neste final de 2021. Aliás, nem planejava assistir ao Homem Aranha – Sem Volta Para Casa, por conta de Matrix 4… Minha ansiedade por mais Neo, Trinity e um computador gigantesco que precisa de mais pilhas era desse tamanho.

Tive que ver o filme, fazer anotações, rever o filme e ler outras críticas para ver se entendi alguma coisa. Sinceramente? A impressão que tenho neste momento é que minha análise primária foi raza, e agora consigo mergulhar em um argumento que me parece mais fatídico: Matrix evoluiu.

Se antes as nuances LGBTQAI+, agora não o são, está tudo na sua cara. Me parece também que a constante retratação do cristianismo – que me irritava – foi largada, o escolhido (sic) não leva a salvação aos escolhidos… Porém, o resultado da revolução dos filmes anteriores é vista claramente aqui, novamente, o mundo de Matrix evoluiu desde a última vez que o vimos. Agora ela é personalizada para você e a pessoa ao seu lado pode ser um bot que está ali apenas para te manter no pasto de maneira mansa, comendo sua ração e mugindo.

O sistema evoluiu, ele é mais eficaz e absorve mais energia, isso ocorre também pois as anomalias foram melhor estudadas e agora, no lugar de expurgadas, são aproveitadas. A Matrix 2.0 não é sobre escolher o caminho certo ou errado, a escolha é uma ilusão. Em uma análise simplista podemos dizer que você já é bom ou mau, nunca precisou escolher isso. 

Os humanos e máquinas, operando em conjunto, aprenderam que sua simbiose é necessária e a única saída para que todos os seres com consciência tenham uma vida estável e, por que não, agradável. 

Enquanto as cenas de luta e o excesso de cenas dos filmes me pareceram preguiçosas, a trama em si me entreteu bastante. Como não há um novo bullet time, Lana Wachowski mergulha no caos visual, onde fatores diversos são ignorados para se contar uma história de cooperação: humanos e máquinas lutando contra um sistema opressor, lutando contra os poderosos. Impossível não traçar um parâmetro com as redes sociais, como se fossem núcleos diferentes uns dos outros para agradar e prender pessoas diferentes (talvez por isso eu odeie o Instagram e ame o Twitter?).

O mundo não é separado em vermelho e azul, a polarização não te dá um lado, apenas te rotula. O que você faz no dia a dia no mundo virtual e no real é o que realmente te coloca do lado certo ou errado das coisas.

O renascimento de Matrix Resurrections não é reinicio, o protagonismo não é repassado para uma suposta nova geração. Não há um novo escolhido, não há oráculos, anjos ou demônios, mas ainda existe o controle que agora opera de maneira sutil – sem armas ou ternos.

No final, a única certeza que tenho é que preciso de Matrix 5 agora. Alimente sua mente.

Por Rodrigo Castro

Debochado e inconveniente. Escritor, roteirista e designer de brincadeirinha.

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